sábado, 30 de outubro de 2010

Record seduz Victor Fasano com promessa de programa ecológico

Victor Fasano conta que no começo de 'Ribeirão do Tempo' foi ideia sua criar relação entre seu personagem e Madame Durrel. Foto: TV Press

Victor Fasano é uma espécie de super-herói ecológico. Do alto de seu 1,97m de altura com todos os grupos musculares definidos e uma postura de quem oculta superpoderes, o ator paulistano, de 52 anos de idade, assegura que nunca esteve com tanto pique em sua carreira. Após ter estreado há 20 anos na Globo como protagonista de Barriga de Aluguel, de Glória Perez, autora com quem trabalhou na maioria de seus papéis na TV, Victor decidiu ir para a Record em busca de sua maior motivação. Bastou a diretoria da emissora acenar com um programa sobre meio ambiente, que Victor prontamente decidiu assinar um contrato onde também se comprometeu a atuar. Seu primeiro trabalho na Record tem sido como o enigmático advogado Teixeira, emRibeirão do Tempo. Na trama de Marcílio Moraes, Victor vive um arriscado triângulo amoroso ao se envolver com Célia, de Mônica Torres, mulher de seu amigo Bruno, de Giuseppe Oristânio. “Vira e mexe me dão papéis de advogados. Todos são inspirados no meu pai, que era advogado. Sempre vivi a pompa da carreira e presenciei a lentidão da Justiça na minha casa”, avaliou.

O que mais chamou sua atenção nesse primeiro trabalho na Record?
O fato do Teixeira ser uma incógnita. No início da novela, estabeleci com a Jacqueline Laurence, que fazia a Madame Durrel, que tudo o que meu personagem faria na trama inteira seria ligado a um possível relacionamento profundo que eles tiveram no passado. Ou como amante, michê, filho adotivo… O amor que eles tinham um pelo outro humanizou ambos os personagens. No início, achei que demonstraria um lado da vilania dele, mas mostrei um homem mais humano, que virou o prumo do personagem. Qualquer coisa que ele faça, da mais maluca à mais centrada, é sempre pensando no vínculo que ele tinha com a Madame. Num determinado momento, o autor (Marcílio Moraes) comprou essa história que inventamos e citou no texto que ela o teria ajudado muito no passado.

No entanto, até agora, ainda não foi definida na história a possível vilania do personagem. Como você o define?
Essa é a dúvida que quero. Desejo que as pessoas fiquem confusas. Ele não é o vilão de fato. Mas, como numa obra aberta tudo é possível, tenho de deixar essa porta aberta para que o telespectador diga no final: “ah, eu sabia que ele era vilão!”. Até agora, acho que acertei nas minhas escolhas porque fiz dele um cara extremamente humano.

Você também acha que acertou na escolha de ter trocado a Globo pela Record? Por que tomou essa decisão?
Fiz uma viagem para a República Dominicana com parte do casting da Globo. Nessa viagem estavam os diretores da Record. Eles me viram com o crachá da Globo e um deles disse que na próxima reunião, eu estaria com o crachá da Record. Comentei sobre a minha intenção de fazer um programa sobre meio ambiente, que já tinha feito uma produção assim na Globo. Me propuseram que eu assinasse com a Record, fizesse Ribeirão do Tempoe, em seguida, teria um programa sobre meio ambiente. O projeto já foi apresentado e estou atrás dos patrocinadores para o programa. Tudo indica que finalmente vou poder fazer o que sempre quis, que é alertar as pessoas para a sustentabilidade, e a preservação do meio ambiente. É uma pena eu não ter podido ainda ter uma atuação maior do que a que eu já tenho.

O que já foi acertado sobre essa produção?
Dessa vez, vou ser o diretor e apresentador do meu programa, que ainda não tem nome definido. São vários quadros que vão ao ar num mesmo programa ou serão distribuídos pela programação da Record. A produção fala também sobre o clima, espécies em extinção, coisas que deram certo para grandes empresas, como melhorar a vida das comunidades plantando árvores ou fazendo com que as pessoas fiquem mais conscientes de como o meio ambiente pode ajudá-las. A previsão de estreia é para o ano que vem ou início de 2012. Outro fator que me fez optar vir para a Record foi morar em frente à cidade cenográfica da novela.

Como tem sido morar no sítio com diversas espécies ameaçadas de extinção e em um habitat totalmente reflorestado por você em pleno Rio de Janeiro?
Foi a melhor decisão que já tomei. A cidade cenográfica fica a um quarteirão da minha casa. Saio às 8h55 para gravar às 9h. Essa qualidade de vida é ótima. Já cheguei a levar duas horas e meia para chegar ao trabalho. Estou morando no sítio há cinco anos. É um lugar que tenho um horto. Plantei espécies do mundo inteiro e crio animais em extinção para reproduzi-los. Por muitos anos, morava no Rio e tinha o criador no interior de São Paulo, em Pirassununga. Tinha de ir para lá para ver os animais. Era muita correria. Transferi o sítio para cá há 10 anos. Depois, percebi que o ideal seria morar lá e descansar fora.

Como surgiu essa paixão pela preservação da fauna e flora?
Minha avó contava muitas histórias sobre natureza, floresta e os netos ficavam vidrados pela maneira que ela abordava. A matéria que a gente gosta na escola é aquela na qual o professor é bom. Também tive excelentes professores de Geografia e Ciências. Fui vítima, no bom sentido, da educação, da informação das pessoas que passaram na minha vida quando eu era criança.

Por que não seguiu uma carreira ligada a essa área?
Minha grande paixão era Oceanografia, mas a faculdade era em Santa Catarina. Acabei cursando Administração de Empresas. Mas, logo que comecei a estudar, fui para a Europa ser modelo e minha vida mudou completamente.

Quando estreou como ator como protagonista de Barriga de Aluguel, em 1990, houve uma conversa sua com a direção da Globo sobre seu receio de estrear em um papel principal. Como foi?
Na hora de assinar o contrato, disse: ¿eu não sou ator, não sei fazer, estou assumindo que não sei e, mesmo assim, vocês estão me contratando para ser o protagonista dessa novela. Então, não quero que, em nenhum momento desse processo, venham me dizer que eu não sei atuar, porque estou dizendo que não sei e vocês estão me contratando mesmo assim¿. Me colocaram com um ensaiador, deram toda a estrutura que eu precisava para ir em frente. Naquela época, as cenas eram imensas, não era como hoje, que as cenas são mais rápidas. A velocidade com que os personagens se movimentam é diferente de 18, 20 anos atrás. As cenas pequenas tinham quatro páginas e, as grandes, tinham 10. Era muito texto.

Como foi lidar com as críticas por ser um modelo virando ator naquela época, que os atores ex-modelos eram mais escassos?
No mundo inteiro, os modelos passam a atuar naturalmente. No começo, eu não gostava das críticas, mas tinha a sorte de não ter tempo de ler. Era tanto texto para gravar, que não sobrava tempo para saber de metade das críticas sobre mim. Me lembro de uma em particular, do Jornal da Tarde, com uma foto enorme minha, que dizia: “quem é esse modelo que vai fazer o protagonista?”. Na matéria, muitos atores metiam o pau, achavam um absurdo eu fazer o protagonista.

O preconceito ainda era maior por você ser considerado símbolo sexual na década de 80 e 90?
Tinha esse lado, né? De uma forma de outra, sempre estigmatizam você com um tipo. O momento que fiz mais sucesso na carreira, se tratando de um símbolo sexual, foi com o prostituto Juca. As mulheres perdiam totalmente a linha. Lembro que, nesse momento, era difícil andar na rua, fazer as minhas coisas. Eu era bem mais novo, era novidade. Talvez fosse o único ator naquela época com esse tipo físico. Teve todo esse chamariz. Mas fiz papéis bem diferentes. O Tavinho era engraçado para burro. Numa época, fiz um curso de atuação por um ano em Los Angeles. Meu professor de lá dizia que eu tinha uma veia cômica. Eu tenho o timing da comédia, o tempo de olhar, falar. Comecei a perceber esses detalhes.

A maior parte dos seus personagens na TV foram em novelas da Glória Perez. Como fica esse casamento profissional com uma autora da Globo com o seu contrato com a Record?
Ela vai continuar a vida dela e eu vou continuar fazendo o que eu gosto, que é falar sobre natureza. Se eu puder, vou ensinar para as pessoas o que eu sei e o que vejo pelo mundo de desperdício em termos de meio ambiente. Para mim, isso é mais importante que qualquer novela. Quero mostrar para as pessoas que gostariam de ter uma vida sustentável e como elas podem contribuir para o meio ambiente. Bastam poucas atitudes diferentes em suas ações diárias. Quero passar esse conhecimento, fazer com que as pessoas possam ter hábitos que contribuam para o bem estar do planeta.

Movido pela saúde
Victor Fasano foi criado com uma disciplina quase militar na alimentação. Absolutamente em forma aos 52 anos de idade e praticante de diversos esportes desde a infância, o ator jura que nunca deixou de ter uma alimentação saudável. “Minha mãe era espartana com minha alimentação. Não podia tomar refrigerante, tinha hora para almoçar, lanchar. Depois, meus técnicos diziam o que eu podia comer”, assumiu, com um olhar de contentamento. Em sua rotina de atleta como nadador, jogador de vôlei e de pólo aquático, Victor passou a adolescência com uma alimentação natural, o que se estendeu por toda a sua carreira de modelo até hoje. “Essa doutrina me ensinada na infância me conduz”, orgulhou-se.

Atualmente, seu cardápio é preparado por uma nutricionista que passa diretamente as informações para a cozinheira de Victor. “Não sei me alimentar de outra forma, a não ser a mais saudável possível”, avaliou o ator, que pratica corrida, tênis, natação, bicicleta e faz ginástica funcional.

Missão humanitária
Para manter seu sítio na Ilha de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e conseguir reproduzir espécies em extinção para reintroduzi-las na natureza, Victor Fasano segue todas as exigências do Ibama. Possui um veterinário responsável, viveiros de acordo com o tamanho permitido e vistorias constantes de fiscalização. Com esse trabalho, Victor já provou para diversos órgãos de preservação ambiental como é possível fazer reflorestamento em áreas devastadas e recuperar toda a fauna da região. Tanto que tem colecionado prêmios de entidades que protegem o ecossistema. “Provo que num espaço pequeno é possível repor as espécies, refazer o ecossistema. Podemos fazer o mesmo com beiras de rios para não perdermos água e protegermos comunidades com as chuvas catastróficas. É possível recuperar a natureza”, afirmou.

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