Com a escalação do elenco principal divulgada na semana passada, está dada a largada para a versão brasileira de “Rebelde”.
Um grande desafio se instaura no RecNov. Toda preocupação e cuidado são considerados insuficientes devido ao milionário investimento que será feito e a dúvida da chegada de um sucesso ou um fracasso.
“Rebelde” não será apenas mais uma das novelas da Record como foi “Amor e Intrigas”, “Luz do Sol” ou “Alta Estação”. “Rebelde” pode levar a Record a um patamar que nunca esteve, com a aceitação de um público que, por falta de oportunidade e de qualidade, não se identificou diretamente com nenhum folhetim da emissora. Entretanto, possíveis erros na adaptação podem ser cruciais e condenar todo o projeto.
O primeiro grande desafio da Record com “Rebelde” é trazer o telespectador jovem à sua programação. O que o SBT tem de sobra, que é o apelo infanto-juvenil, falta à emissora de Edir Macedo. Dentre mais de dez folhetins produzidos no RecNov, apenas “Alta Estação” teve esse público como foco e o Ibope foi o mais baixo registrado de todas da nova fase de dramaturgia do canal. A trama de maior aproximação com esse segmento foi “Bela, a Feia”, onde houve êxito de audiência, de produção e escolha de elenco.
O segundo desafio é enfrentar os fãs incondicionais da versão mexicana, que, independente do trabalho que a Record faça, o mesmo será alvo de críticas. Mesmo que a Globo envie todos os profissionais da novela das oito para produzir “Rebelde” na Record, haverá críticas e rejeições por parte dos mexicanos. Será impossível agradá-los e não se sabe até onde a rejeição deles poderá afetar o desempenho da versão nacional.
Por fim, o terceiro desafio está na própria Record. Há um bom know-how na dramaturgia, mas ainda não se sabe se bom o suficiente para emplacar uma novela adolescente. Os primeiros erros já mostram isso. Por exemplo, é praticamente inadmissível que Edson Spinello não seja o diretor. Ele veio de um exaustivo trabalho em “Bela, a Feia”, mas ao menos poderia dar um suporte inicial. A Record não poderia se dar ao luxo de deixar um dos diretores que deu forma à “Malhação” de fora desse projeto. Se a Globo que é a Globo fez com que Rogério Gomes emplacasse três trabalhos seguintes, como “Paraíso”, “Escrito nas Estrelas” e “Dinossauros e Robôs”, que mal haveria em Spinello supervisionar ao menos a pré-produção? Nada contra o Ivan Zettel, mas esse trabalho não era para ser seu.
Outro erro foi a escalação do elenco principal. Sophia Abrahão surpreenderá muito se convencer no papel de Mia – ou no caso, de Alice. Por que não requisitaram Juliana Lohmann, muito mais adequada ao papel? Em “Vidas Opostas” e em “Chamas da Vida” Juliana provou que pode interpretar muito bem o estilo patricinha que o papel exige.
A escalação de Micael Borges para o papel de Miguel – ou no Brasil, Pedro – também foi outro erro. Será que não havia nenhum outro ator mais adequado nos testes? Até o próprio Chay Suede poderia se sair melhor. A atuação de Micael Borges em “Malhação” foi sofrível. A prova disso é que ele começou a novela como protagonista e perdeu esse posto no decorrer dos meses. O então vilão, vivido por Humberto Carrão, foi promovido a protagonista, algo praticamente inédito em quinze anos de “Malhação”.
Por fim, fugindo um pouco de “Rebelde” e focando mais no acordo entre Record e Televisa: até onde existe o interesse dos bispos em produzir tramas mexicanas? Até agora nota-se que não houve interesse nenhum, já que “Bela, a Feia” foi totalmente “abrasileirada”. E mesmo que não tivesse sido, o formato original é colombiano e não mexicano. É como se a própria Record fizesse uma parceria com a latina Telemundo e produzisse o remake de “O Clone”, da Globo.
“Rebelde”, por sua vez, também deverá ser totalmente modificada e adaptada às nossas culturas. Entretanto, novamente, mesmo que não seja, a história original é argentina, de “Rebelde Way”. O DNA mexicano, com os melodramas “Maria do Bairro” e “A Usurpadora”, vai continuar longe do RecNov? Ou pode-se dizer que o fato de “Bela, a Feia” e “Rebelde” terem sido escolhidas é apenas “coincidência”?
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