domingo, 31 de outubro de 2010

‘S.O.S. Emergência’ tem sobrevida com humor

Programa aposta em referências. Foto: Divulgação

Quando S.O.S. Emergência estreou, em março deste ano, ficou claro que o novo humorístico saía dos clichês dos programas do gênero e investia em uma forma mais próxima do seriado norte-americano, com uma bem-amarrada história com começo, meio e fim a cada episódio. Tanto que, mesmo na grade da Globo, o programa aparece como série e não como humor.

De certa forma, uma injustiça, a começar pelo elenco. Poucos humoristas foram tão bem-sucedidos quanto Ney Latorraca, tanto nos palcos – em especial com a recordista Irma Vap – quanto na TV, com o Barbosa, deTV Piratae uma lista de personagens que se estende até Medeiriques, de Estúpido Cupido, nos anos 70. Marisa Orth, por sua vez, criou um personagem igualmente marcante, a Magda de Sai de Baixo. Outros atores também humoristas de qualidade, de Fabio Lago e Hugo Possolo a Fernanda de Freitas.

O programa voltou com o mesmo e bom elenco – a despeito da ausência de Maria Clara Gueiros, que fará a novela Insensato Coração -, e acrescido de Ellen Roche, no papel da mulher do doutor Solano, de Latorraca. O texto de Marcius Melhem & cia. tem algumas boas tiradas e situações cômicas do dia a dia, amarradas em clima nonsense pelo diretor Mauro Mendonça Filho.

Há algo de imponderável no riso. Pode-se aferir que o humor do Pânico na TV!, por exemplo, é voltado para adolescentes. Daí a violência gratuita – mas sem brutalidade -, atitudes constrangedoras e escatológicas e muitas garotas de biquíni. Já o CQC se afasta da gargalhada e do humor coreográfico e procura ser mais cerebral. O foco de S.O.S. Emergência parece mais complexo. A maneira debochada como trata do universo médico lembra a série Scrubs, enquanto o ritmo ágil da edição o aproxima de um Armação Ilimitada. E o abre e fecha portas nas cenas é do mais puro “vaudeville”. Uma combinação de estilos que mais confunde do que acrescenta ao telespectador, perdido em referências.

Em tempo: um das coisas mais complicadas de um ator fazer é simplesmente cair. Basta ver como Chaplin conseguia fazer de um escorregão uma apoteose. E outra é imitar um bêbado, sem apelar para a voz enrolada e os tropeços, nos quais Tom Cavalcanti é um mestre. A arte de mentir também é a arte de convencer.

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